Disclaimer: Quando escrevi esse texto a rainha ainda era viva.
A Família Real Britânica, está em grande evidência. Seja pelo premiadíssimo seriado produzido para a “Locadora Vermelha” ou por conta dos acontecimentos recentes, alguns não tão felizes, os monarcas do antigo grande império, continuam ocupando as manchetes dos jornais, com sua matriarca a Rainha Elizabeth II mostrando vitalidade invejável.
A simpática senhora é tão longeva que já ouvi diversas teorias sobre a fonte dessa saúde, incluindo algumas de que ela não seria desse planeta, porém a que eu mais gosto é a de que ela “bebe da fonte da juventude”. Se é da fonte eu não sei, mas que a velinha gosta de um “méh”, como diria o saudoso Mussum, isso é fato.
Essa semana vamos explorar o que a rainha bebe e o que é preciso para se tornar um fornecedor de bebidas da Coroa (no sentido de realeza e não da idade da rainha) Inglesa.
AS BIRITAS DA RAINHA.
Prestes a completar suas 95 primaveras (literalmente, pois no hemisfério norte a estação das flores chega no dia 20 de março) e há 69 anos como rainha do Reino Unido e chefe da Commonwealth, formada por outros 53 Estados, Elizabeth já viveu muita coisa. Apesar de seu papel, mais simbólico do que executivo em uma monarquia parlamentarista, todos os ritos e o trabalho de comandar uma família que vire e meche está envolvida em polêmicas se torna mais leve com uma bebidinha e a companhia de seus cachorrinhos da raça Corgi galês Pembroke.
Dona Beth (espero não ser preso por isso) não bebe vinho tinto, mas gosta, no jantar, de um vinho branco mais docinho, de origem alemã geralmente um Riesling do vale do Reno, mas segundo o ex personal chef da rainha, Darren McGrady, o qual a serviu por mais de uma década e em seguida seus filhos e netos, sua majestade toma 4 drinks ao longo do dia, sendo seu preferido o Gin com Dubonnet servido com duas pedras de gelo e uma fatia de limão.
Tal drink é uma mistura de uma parte de gin com duas partes de um vermute a base de vinho fortificado, feito a partir das uvas Grenache, Carignan e Moscatel de Alexandria, com um pouco de quinino e especiarias, sendo esse também o coquetel preferido sua mãe a Rainha Elizabeth I. Como o Gin Tônica o Dubonnet, que foi criado na França, se originou para estimular os soldados franceses a consumirem o quinino que é uma substância que combate à malária, doença essa que afligia boa parte das colônias europeias no século XVII.
Além de seu drink mais famoso, segundo sua cunhada, a rainha também gosta de um bom Champagne antes de dormir e por conta das recepções, banquetes e jantares ofertados pela família real muitas outras bebidas são servidas em seus palácios, mas somente as marcas que possuem o Mandato Real podem chegar ao palato dos seletos convidados que tem o prazer de participar das “festinhas reais”.
O MANDATO REAL.
Desde os primórdios da monarquia britânica por uma questão de segurança os fornecedores dos reis eram muito bem selecionados e poucos recebiam a outorga real para fazerem comércio com a realeza. Além do cuidado quanto às suas vidas, a família real também é bem exigente quanto a qualidade dos itens que compra e consome.
A partir do século XV, a família real passou a emitir aos seus fornecedores um Royal Warrants of Appointment ou, em uma tradução livre, Mandato Real de Nomeação, o que confere às empresas selecionadas uma espécie de atestado de que ela pode comercializar seus produtos para a família real e ainda e que têm o direito de usar o brasão da família real em seus rótulos ou embalagens como uma forma de marketing, mostrando para o mercado que seus itens alcançaram os níveis de qualidade necessários para tal.
O processo não é simples. Primeiramente o fabricante ou comerciante, precisa passar por um período de teste, fornecendo seus bens por 5 anos para a coroa e só depois de aprovado pelos compradores a empresa pode aplicar para um mandato. Essa aplicação é enviada ao Lord Chamberlain of the Household (não é um nome e sim um título dado ao mais importante funcionário da corte) e em caso de aprovação é enviada para a expedição pela Rainha, o Príncipe de Gales ou até pouco tempo atrás o duque de Edimburgo, o qual faleceu recentemente que também podem negar a outorga. Muitos mandatos são bem antigos, mas qualquer um pode ser revogado pela Rainha a qualquer momento.
Diversos tipos de produtos e serviços detém o mandato real e apesar de muitos, sim serem fabricantes de artigos de luxo, como carros (Jaguar, Aston Martin, Bentley) joalherias (Benney, Cartier, Swarovski), alfaiates, mercadores de artes, fornecedores de chás especiais, existem outros mais, digamos assim, mundanos. Fabricantes de guarda-chuvas, faxineiros, provedores de internet, dedetizadores, papel de parede e até Coca-Cola e Procter & Gamble estão entre os cerca de 1000 fornecedores com o mandato real, afinal até os reis e rainhas precisam de itens de “plebeus” em suas casas.
Mas como nosso papo é sobre bebidas, retomemos o foco.
Naturalmente (ela também é a rainha da Escócia), dentre as diversas marcas que detêm o mandato real como fornecedores de bebidas, têm muitas destilarias de Whisky, a clássica fabricante de bitters Angostura, Gin (Gordons, Tanquery), Cognac, mas como Sua Majestade a Rainha gosta mesmo é de um espumante as maisons de Champagne dominam a seção.
Porém, como falamos anteriormente é sabido que a rainha aprecia vinhos brancos alemães e até o famigerado Mateus Rosé de Portugal. Além disso seu filho, o príncipe de Gales, é um grande apreciador de vinhos e muitos outros rótulos são servidos nas recepções nos diversos palácios da realeza. Mas como eles os compram mesmo sem o mandato real?
Existe um pulo do gato, na história. Por questões de clima, o Reino Unido nunca conseguiu produzir grandes vinhos, entretanto sempre foram um dos maiores mercados mundiais dessa bebida. Dessa forma, em Londres, se estabeleceram muitos importadores e mercadores de vinhos e esses sim detêm o mandato real que por sua vez lhes dá o direito de fornecerem qualquer marca que eles julguem boas suficientes para integrarem seus portfólios ou que a família real demande.
Com todo esse poder de compra a Rainha Elizabeth tem sob o Palácio de Buckingham uma das melhores e maiores adegas do mundo, com mais de 30.000 garrafas e que segundo estimativas valem cerca de 2 milhões de libras esterlinas, sendo sua joia uma garrafa de Jerez datada de 1660, a qual foi descoberta e presenteada a rainha quando iniciaram a construção da nova ponte de Londres.
Acho que não somos somente nós, plebeus, que compramos mais vinho do que precisamos ... Long Live the Queen!
Abaixo deixo alguns links na Amazon para bebidas que possuem o mandato real:
Saúde!
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