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Principais Uvas Viníferas - Tintas Parte 1


Principais uvas viníferas – Tintas Parte 1

Apesar de toda a manipulação humana e a influência do terroir o componente fundamental de um bom vinho é a qualidade da uva que lhe dá origem. Cientistas afirmam que existem cerca de 7000 variedades uvas viníferas mais apenas uma fração destas produzem vinhos comercialmente.

Cada micro região em que uma variedade é cultivada, lhe confere características diferentes, entretanto seus principais atributos são mantidos e os conhecendo bem é possível saber o que esperar de um vinho somente pela uva com que foi concebido, mas vale lembrar que o processo de produção e envelhecimento pode alterar o resultado final.

Abaixo listo as variedades mais comuns, encontradas no mercado brasileiro:

Considerada por muitos autores como a “rainha das uvas tintas”, a Cabernet Sauvignon, não é a uva vinífera mais plantada, em quantidade no mundo, _ a branca Airén detêm esse posto _ entretanto, é a mais difundida, estando presente em praticamente todos os países produtores de vinho do mundo. Esta uva foi o resultado de um cruzamento, ocorrido naturalmente, no sudeste francês, provavelmente no século XVII, mas ganhou destaque internacional, através dos vinhos da região francesa de Bordeaux. De maturação tardia, seus vinhos, em geral são encorpados, tânicos e com um alto nível alcoólico, sendo indicados à serem consumidos em dias frios e acompanhados de pratos estruturados a base de carnes gordas e molhos condimentados.

Popularmente conhecida como a mais feminina das uvas, a Pinot Noir dá origem a alguns dos vinhos mais famosos e caros do mundo. Apesar da certeza de ser uma variedade antiga, sua origem é incerta, entretanto foi na lindíssima região da Borgonha na França, onde estabeleceu sua casa e de lá se espalhou para outras regiões do mundo, ganhando destaque na Nova Zelândia, Argentina, Estados Unidos e Chile. Seus vinhos tintos, em geral, são muito perfumados e abrangem uma ampla gama de aromas e sabores. Com vinhos de corpo e paladar mais leves e delicados do que os produzidos com Cabernet Sauvignon, são ideais para acompanhar pratos complexos e sofisticados. Produz também deliciosos espumantes, sendo uma das principais uvas da composição do Champagne onde empresta sua complexidade à bebida dos reis.

Outra das uvas mais difundidas mundo a fora, sendo a líder de vendas em alguns mercados, a Merlot é a antagonista da Cabernet Sauvignon dentre as uvas da região de Bordeaux. Seu estilo mais leve e com taninos macios, agrada muito os consumidores mais experientes e sua produção cresce ano a ano. Em sua terra natal, dá origem a vinhos caríssimos e muito famosos, mas nos outros países normalmente é utilizada em blends para amaciar uvas mais tânicas e encorpadas. Amadurece antes e por preferir solos mais frios e locais menos ensolarados, encontrou na região da serra gaúcha uma boa casa, concebendo ali os melhores vinhos nacionais. Com relação a harmonização com alimentos, por ser menos tânica e mais leve é muito versátil, podendo ser combinada com uma grande variedade de pratos, desde salmão à carnes vermelhas, passando por pratos a base de cogumelos, frios e queijos.

A Carménère, ou simplesmente Carmenere, é o diferencial chileno no enorme mercado global de vinhos. Importada da região de Bordeaux, no início do século XIX, está casta foi confundida com a Merlot e assim permaneceu por mais de 150 anos. Neste meio tempo, uma praga causada por um pulgão de nome Phylloxera, devastou os vinhedos europeus em 1867 e a Carmenere foi dada como extinta na França, entretanto, por volta de 1970 através de testes ampelográficos, cientistas descobriram que a casta chamada, até então, de “Merlot Chileno” era na verdade a antiga casta Carmenere. Os vinhos produzidos pela uva Carmenere, em geral, apresentam notas de frutas vermelhas e negras, além de aromas de especiarias, tabaco, café e chocolate e, no paladar, seus são taninos mais macios que os da Cabernet Sauvignon, devendo ser consumido quando jovem.

A Syrah ou Shiraz é outra das uvas mais plantadas e difundidas no mundo. Apesar de lendas indicarem que sua origem se deu na cidade persa, atual Irã, de nome Shiraz, na verdade, seu berço é a região sudeste de França, onde produz, no vale do rio Rhône, grandes vinhos como o Hermitage, o Côte-Rôtie e o Châteauneuf-du-Pape. Da França, se espalhou para todo o mundo e chegou na Austrália, onde fixou seu segundo lar. Enquanto os vinhos franceses concebidos com essa uva, tem médio corpo, mais taninos e aromas que remetem as especiarias e flores, no novo mundo seus vinhos são mais encorpados, com taninos mais macios e apresentam notas mais frutadas e aromas de café e chocolate.

Muita apreciada pelos brasileiros, a Malbec é considerada a uva emblemática da argentina, entretanto sua origem se deu na França, onde é uma das seis uvas permitidas no blend bordalês. Foi levada para a Argentina por um engenheiro agrônomo francês no século XIX, onde se adaptou muito bem e, atualmente, é o país onde mais se produz vinhos com suas uvas, uma vez que na França, foi quase extinta após uma geada. Em solos argentinos, a Malbec dá origem a um vinho, frutado, muito encorpado, alcoólico, com taninos muito sedosos e um bom teor de açúcar residual, o que caiu como uma luva ao paladar de brasileiros e americanos que compram quase toda sua produção. É um par perfeito para carnes assadas na parrilha ou mesmo com o nosso típico churrasco, contribuindo aind mais para o grande consumo aqui no Brasil.

Como no caso da Malbec, a uva Tannat também foi quase extinta da França, mas ao invés da argentina, tinha se estabelecido no Uruguai onde virou sua uva nacional. Seu nome é uma referência à grande quantidade taninos contidos nessa uva, sendo uma das maiores cargas tânicas dentre todas as uvas. Levando em consideração que são nos taninos que se encontram os componentes que fazem o vinho ser benéfico ao coração, pode-se dizer que os vinhos feitos dessa uva são quase um “remédio”.  Em termos de aromas e sabores, seus vinhos são encorpados e com alto teor alcóolico. Geralmente, envelhecem em carvalho para que seus taninos adstringentes sejam amaciados e por conta disso herdam aromas de couro e baunilha, além das típicas notas de furtas negras.

KAYE YAMAMOTO DE OLIVEIRA

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