Recentemente me deparei em, uma das redes sociais, com a postagem de um colega sobre a harmonização de vinhos com livros. Achei muito curiosa a combinação, uma vez que o comum é sempre pensarmos nos vinhos acompanhando comidas, mas a mim é mais normal os degustar lendo algo ou vendo um filme.
Com essa ideia em mente, pensei em escrever algo essa semana propondo a combinação de algum livro que eu tenha lido com um vinho por mim degustado. Só tive um problema com esse “maravilhoso” insight. Apesar de eu ler bastante, basicamente leio livros sobre política e economia.
No artigo do meu colega ele combinava um delicioso vinho da Borgonha, leve, frutado, mas muito intenso em seus sabores e aromas com um livro de poesias de uma autora francesa, fazendo com que, segundo suas palavras, a cada gole no vinho os belos versos que ele lia eram desenhados em sua mente e materializados por todo seu corpo.
Lindo, não? Mas como tentar replicar o mesmo sentimento com um tema tão ácido, amargo e espinhoso como política ou economia? Eu até poderia decorrer sobre algum livro mais “palatável”, mas vou aceitar o desafio e propor uma harmonização um pouquinho mais trabalhada.
Quando o assunto é a combinação de vinhos com alimentos, aprendemos que as composições de ambos, são ricas em elementos químicos que ao interagirem entre si podem causar reações agradáveis ou não. Sendo assim, a harmonização entre eles tem como objetivo, equilibrar suas características, completando suas qualidades e elevando o nível da percepção de quem os degusta em termos de aromas, sabores e texturas.
Pausa nesse momento para eu fazer minha indicação de livro e depois volto com minha tese de harmonização:
A quarta revolução: a corrida global para reinventar o Estado - John Micklethwait e Adrian Wooldridge
Devorei esse livro rapidamente.
Os autores destrincham, em um primeiro momento, como o ocidente desenvolveu as formas de administração pública no passado através das três revoluções anteriores: Estado nacional, Estado liberal e Estado do bem-estar social, com o flerte ao neoliberalismo mais recentemente.
Boa parte dos anseios da sociedade, principalmente nos países desenvolvidos, foram resolvidos e a democracia reinava absoluta como a melhor forma de se governar o mundo, entretanto nas duas últimas décadas é notável como esses modelos se esgotaram, gerando crises económicas e sociais nos EUA e Europa, sendo que por aqui não foi diferente.
Apesar de todos os problemas quanto às liberdades individuais, são os países, ditos autoritários do Oriente (China e países do Sudeste Asiático) quem vem propondo e executando as formas, de acordo com os autores, mais eficientes de se administrar o Estado mudando o centro de gravidade político do mundo. Como o ocidente democrático irá superar seus desafios é a reflexão que o livro nos propõe.
Assunto amargo né? Voltemos a harmonização...
Dessa forma, para acompanhar minha sugestão de leitura, recomendo, para algumas taças entre um capítulo e outro, um vinho tinto sério com uma certa idade e bom tempo de maturação. Seus taninos devem se fazer presentes, mas já amaciados e com leves aromas terciários, que para algumas pessoas pode ser um pouco áspero, mas para quem degusta com calma com certeza irá entender suas virtudes.
Minha indicação seria um espanhol Reserva da região da Rioja já com alguma idade.
Um Reserva espanhol é envelhecido por no mínimo 3 anos e quando sai para o mercado, já está bem maturado, mas com sabores e aromas intensos que com o passar dos anos lhe conferem ainda mais complexidade e sobriedade, ideal para uma leitura mais profunda e que demande certa reflexão.
Que tal a ideia de harmonizar livros com vinhos? Me conte o que gosta de ler que eu lhe recomendo alguns vinhos.
Abaixo deixo alguns links na Amazon para vinhos que gosto bastante:
Saúde!
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