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BLOCO DO VINHO NA CASAVINO!


    Existe um vinho que eu sempre quis degustar e nunca tive a oportunidade. Trata-se de um vinho australiano, chamado Mollydooker, Carnival of Love Shiraz. Esse vinho já figurou por diversas vezes entre os 10 melhores vinhos do mundo, mas nunca o vi disponível aqui Brasil, dessa forma ele não será minha sugestão da semana, mas foi minha inspiração para papo dessa semana.


    De uma forma bem resumida, o Carnaval é uma festa de origem cristã, celebrada antes do início da Quaresma, período esse que por sua vez antecede a Páscoa e onde por 40 dias, os seguidores da religião deveriam jejuar, orar, praticar a caridade e se abster do consumo de carne, sexo e bebidas alcóolicas, chegando assim com a “alma mais limpa” para as celebrações da ressureição de Cristo.


    Ora pois, se os devotos iam ficar 40 dias sem os prazeres carnais, nada mais justo que uma bela festança regada a muito pecado e bebida alcoólica para encarar esse período mais, digamos assim, puritano e se levarmos em consideração que até a devastação dos vinhedos europeus pela Phylloxera no final do século XIX o vinho reinava absoluto, adivinhem qual era a bebida que animava os bailes de carnaval dos tempos antigos...



    Quando falamos de carnaval, impossível não lembrar dos desfiles com fantasias e carros alegóricos. Essa tradição foi inspirada nas festas de máscaras que ocorriam por toda Europa medieval e tiveram a sua origem na maravilhosa Veneza, a capital do Vêneto na Itália. Além da belíssima cidade, com seus lindos canais e riquíssima história, essa região é o lar de alguns dos vinhos mais famosos do mundo, inclusive um espumante que faz muito sucesso aqui no país do samba: o Prosecco.


    O Prosecco é um tipo de espumante, feito no Vêneto, batizado em homenagem há uma pequena vila de mesmo nome, com a uva Glera (era chamada de prosecco até 2009) e ao contrário dos champagnes que, em geral, tem um sabor bem forte e aromas mais austeros, os proseccos são mais leves, frescos e frutados, torando-os, além de mais baratos, por conta de seu método de produção, mais descontraídos o que atraiu o público consumidor mais jovem.


    Seria então o Prosecco, quem fazia a cabeça dos foliões venezianos, desde a época dos doges até a proibição da festa por Napoleão Bonaparte _acho que o general não gostava de aglomeração e ziriguidum_ em 1797?


    Provavelmente não. Ao menos não como o conhecemos hoje, em sua forma espumante, uma vez que seu método de produção só foi inventado no início do século XX. O mais provável é que o vinho escolhido para os dias de carnaval daquela época fosse um tipo de vinho tinto que era produzido, de uma forma similar, desde a época dos gregos e hoje o conhecemos como Amarone della Valpolicella.



    Esse vinho tinto possuí um processo de produção bem único, onde parte de suas uvas, após colhidas, são deixadas em esteiras para que se desidratem e virem uvas passas. Com esse método, chamado de appassimento, o teor de açúcar das uvas fica muito elevado dando origem a vinhos com um teor alcoólico bem elevado, na casa dos 16% a 18%, e com sabores e aromas únicos.


    Outros destaques da região são os vinhos tintos secos Valpolicella e Valpolicella Ripasso e o vinho doce de sobremesa chamado Recioto della Valpolicella. Um pouco menos conhecido por aqui, mas que particularmente eu acho incrível é o vinho branco Soave (o vinho é seco), feito majoritariamente com a uva Garganega e uma ótima pedida para o clima quente do nosso carnaval.


    Infelizmente, atualmente o vinho já não tem mais um papel central nas celebrações, a não ser para aqueles que, como Napoleão Bonaparte e eu, nunca foram muito adeptos a grandes aglomerações e preferem curtir o carnaval no sossego com uma boa garrafa ou aqui em São Paulo, como um dos ingredientes da mítica Catuaba Selvagem que anima a farra dos mais jovens.


    Falando em atualidades, vale um adendo que o carnaval aqui no Brasil ganhou proporções épicas, principalmente no Rio de Janeiro, por conta das celebrações dos cariocas após o surto da gripe espanhola nos anos 20 do século passado. Bem atual não?

Abaixo deixo alguns links na Amazon para grandes vinhos da região do Vêneto:


Saúde!

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