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Principais Uvas Viníferas - Tintas Parte 2


Principais uvas viníferas – Tintas Parte 2


Continuando a série sobre as principais uvas viníferas disponíveis no mercado brasileiro, abaixo listo mais algumas variedades de grande importância.

A Tempranillo é a uva de maior destaque na Espanha. É conhecida, também, como Ull de Llebre ou Tinta del Pais naquele país e Aragonês ou Tinta Roriz em Portugal. Por conta de sua menor intensidade aromática, normalmente é misturada com outras uvas ou passa por um estágio longo em barricas de carvalho a fim de ganhar complexidade aromática e maciez de seus taninos, tendo este estilo ficado muito famoso com os vinhos produzidos na região espanhola da Rioja. Já os vinhos produzidos na Região de Ribeira del Duero, tem um estilo mais jovem e frutado onde produz vinhos premiadíssimos. Em Portugal a Tinta Roriz é utilizada em larga escala nos blends de vinhos do Porto.

Enquanto França é chamada de Grenache, na Espanha seu nome mais comum é Garnacha e apesar de não ser tão famosa quanto outras uvas é uma das mais plantadas no mundo. Sua maturação é tardia e gosta de locais secos e ensolarados, produzindo vinhos com muito corpo, bom teor alcoólico e poucos taninos. Como seus vinhos, normalmente, tem pouca acidez e taninos, é muito utilizada para adicionar corpo e aromas em cortes com outras uvas, principalmente a Syrah e Mourvèdre, criando assim o clássico blend GSM muito popular na Austrália. Está presente também nos grandes vinhos da região de Rhône como o Châteauneuf-du-Papes, Gigondas e Côtes du Rhône, além de muitos vinhos espanhóis como Riojas, Ribeiras e Priorats.

Provavelmente seu nome é desconhecido de muitos apreciadores de vinhos no Brasil, entretanto a grande maioria já deve ter tomado um vinho produzido com a uva Sangiovese. Seus exemplares mais notórios são os produzidos na região italiana da Toscana, sendo a denominação de origem Chianti a mais famosa aqui no Brasil. Os vinhos feitos com essa uva, tem muita acidez, fazendo-os harmonizar perfeitamente com pratos ricos em molho de tomate, como pizzas ou a tradicional macarronada italiana. Introduzida pelos etruscos e aprimorada pelos romanos, sua produção se espalhou por toda Itália central e em um pequeno vilarejo, próximo a Siena, chamado Montalcino, a Sangiovese recebeu o nome de Brunello e dá origem ao mítico Brunello di Montalcino, o qual é um dos vinhos mais desejados do mundo.

Nebbiolo é a uva dos dois mais românticos vinhos da Itália, o Barolo e o Barbaresco. Por se tratar de uma casta difícil de se trabalhar, seus vinhos possuem um alto custo. Tal fato, aliado a necessidade de um longo período de envelhecimento por conta da grande quantidade de taninos, vinho produzidos com a Nebbiolo, são exclusivos e não recomendados para iniciantes. Seu nome deriva da neblina que cobre as colinas do Langue na região do Piemonte e sua adaptação é muito complicada fora de sua casa. Seus aromas quando jovens, remetem a rosas e alcatrão, entretanto com o envelhecimento seu buque se torna extremamente complexo com notas pouco encontradas em outros vinhos.

Considerada por muitos como a melhor das uvas portuguesas, A Touriga Nacional é ao menos a estrela da vitivinicultura de Portugal. Por conta de o rendimento de seus vinhedos ser muito baixo era preterida por outras uvas de maior produção, mas por entregar muita estrutura e sabor era bastante usada nos blends dos vinhos do Porto. Recentemente com a busca dos produtores por mais qualidade, recentemente passou a ser a escolha de uva para os grandes vinhos tranquilos da região do Douro e do Dão. Sua grande quantidade de taninos e acidez a permite uma longa passagem por carvalho que adiciona ainda mais camadas de aromas ao seu característico toque floral com notas de violeta.

A uva Primitivo, apesar de não ser uma uva com grande renome internacional, nas duas últimas décadas ganhou muito fãs aqui no Brasil e antes disso nos Estados Unidos, onde é chamada de Zinfandel. Sua origem provável se deu na Croácia, mas do outro lado do mar Adriático, na região Itália da Puglia, bem no “calcanhar da bota” onde estabeleceu sua morada, sendo posteriormente levada para América do Norte por imigrantes. Suas uvas têm maturação mais demorada, retendo muito açúcar e dando origem a vinhos com tendência mais adocicada, bastante corpo e muito álcool. Tais características, somadas à um aroma muito frutado e taninos sedosos, caíram como uma luva ao paladar do brasileiro, acostumado a bebidas mais doces, fazendo desse um dos vinhos mais procurados e elogiados em nosso país.

KAYE YAMAMOTO DE OLIVEIRA

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