Principais uvas viníferas – Brancas
O baixo consumo de vinhos brancos em um país de clima,
quase que totalmente, tropical intriga os produtores estrangeiros, uma vez que estes
estão habituados a apreciarem caldos dourados e esverdeados, durante os dias
mais quentes em seus países. Nossa atual aversão a esse tipo de vinho remonta à
década de 80 quando vinhos brancos alemães, de qualidade duvidosa,
comercializados nas famosas garrafas azuis, dominavam o mercado de vinhos,
deixando como herança a imagem de que vinho bom é somente o vinho tinto.
A verdade é que, atualmente no Brasil, existem inúmeras
opções disponíveis, nas mais variadas faixas de preço, de vinhos brancos de
excepcional qualidade. Seus estilos também podem variar, desde brancos doces e
licorosos até secos e muito encorpados, passando por vinhos frescos e alegres,
que combinam perfeitamente com a personalidade do povo brasileiro, ao contrário
dos sérios e introspectivos tintos, em sua maioria.
Abaixo listo as principais uvas brancas encontradas nos
vinhos por aqui comercializados.
A Chardonnay é a uva branca clássica mais difundida
pelo mundo, por sua adaptabilidade tanto a climas como a solos, dos mais
variados tipos. Porém, é na Borgonha, mais especificamente na Côte de Beaune,
que atinge seu mais alto nível, dando origem a vinhos memoráveis como,
Meursault, Montrachet, Corton-Charlemagne e Chablis, entre outros. Nos demais
países destacam a Califórnia (EUA), Austrália, Chile, Argentina, África do Sul,
Brasil. As características principais dos vinhos feitos com Chardonnay são
maciez, bom corpo, bem frutados e muito receptivos ao contato com a madeira. Sua
gama de aromas inclui frutas brancas, com notas de maçã, pera, abacaxi,
pêssego, damasco, entre outras, mel, cera, manteiga, baunilha, especiarias,
pelo queimado, minerais, lã molhada, caramelo etc.
Já os vinhos feitos com a Sauvignon Blanc são muito
apreciados pelo incrível frescor, oriundo de sua grande acidez. São mais leves
que o Chardonnay e possuem um inconfundível caráter herbáceo. As regiões
clássicas na França são: Vale do Loire (Pouilly-Fumé e Sancerre) e Bordeaux compondo
cortes com a Sémillon nos brancos secos e na região de Sauternes com os grandes
vinhos doces. A grande sensação do novo mundo é a Nova Zelândia, mas também é
muito produzido em países como, Chile, Argentina, Brasil, África do Sul e Califórnia.
Seus aromas remetem a frutas frescas e cítricas, com notas de limão, pera e
maçã, além do inconfundível toque herbáceo com aromas de sálvia, manjericão,
arruda, grama cortada, alecrim, entre outros. Completam seu buque, aspectos
minerais (pedra de isqueiro), groselha branca, aspargos e controverso aroma de
urina de gato.
Para muitos a Riesling é a uva mais elegante entre
as brancas, com grande personalidade e longevidade. Difícil de ser cultivada em
outros países, fora da Alemanha e Alsácia, região francesa limítrofe entre os
dois países. Gera desde vinhos secos até grandes brancos doces, porém,
normalmente não aceita envelhecimento em carvalho. Seus vinhos são medianamente
encorpados e geralmente com ótima acidez, o que garante longo tempo de guarda. Sua
gama de aromas inclui notas de maça, maracujá, laranja, aromas florais, mel,
especiarias, marmelo e um toque único petrolizado remetendo a querosene.
A Chenin Blanc é uma cepa de alta acidez e grande potencial
de longevidade com alguns exemplares chegando com vitalidade aos 50 anos. Sua
região é o Vale do Loire, com vinhos desde secos, espumantes até os grandes
doces, que rivalizam com os mais reputados Sauternes. Seu grande problema é a
vulnerabilidade quanto ao clima, pois deve haver uma perfeita maturação da uva,
impedindo assim que haja grandes destaques em outros países, por enquanto, mas
aqui no Brasil é bastante utilizada nos espumantes da região da serra gaúcha.
Gewurztraminer é uma variedade extremamente
aromática, que atinge seu apogeu na região da Alsácia. Seu escopo de vinhos vai
desde secos, até grandes vinhos doces e longevos. Seu grande problema é a baixa
acidez, por conta disso é comumente cortada com outras uvas. Sua nota aromática
mais característica remete a lichias e seus sabores levemente adocicados
combinam muito bem com pratos agridoces, notavelmente a cozinha tailandesa.
A Sémillon é a principal uva dos Bordeaux brancos,
tanto dos secos, como dos doces. Participa do corte bordalês branco com a
Sauvignon Blanc, dando corpo, untuosidade e longevidade ao vinho. Como
varietal, produz um vinho único no Vale do Hunter na Austrália, de singular
personalidade e incrível longevidade, sem contato com a madeira e ganhou,
também muito destaque na África do Sul.
Por fim, não menos importante, destaco a uva Moscatel.
Ficou muito conhecida no Brasil por conta dos premiados espumantes feitos com o
método Asti na serra Gaúcha, mas produz grande vinhos em diversas
regiões do mundo, sendo em sua maioria vinhos doces. A grande verdade é que
existem diversas uvas com o nome de moscatel ou moscato, todas pertencente a
mesma família de videiras, que é muito antiga e que provavelmente teve sua
origem no antigo Egito. Vale frisar que dentro da família das moscatos existem também
variedades com cascas rosas e escuras, daí a origem de alguns moscateis roses. Outros
vinhos famosos feitos com a uva moscatel são: Moscato D’Asti, Moscatel de Setúbal,
Passito di Pantelleria e o Muscat de Rivesaltes.
KAYE YAMAMOTO DE OLIVEIRA
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