A diferença entre vinhos secos e suaves.
Vinhos doces ou o grau de doçura de alguns vinhos é um
assunto bem controverso. O brasileiro em geral tem um paladar puxado mais para
bebidas doces, entretanto é bem comum ouvir, principalmente de quem já degusta
vinho há algum tempo, que: “vinhos doces não prestam!”. Mas se alguns dos
melhores vinhos do mundo são doces, por que dentre os ditos entendidos de
vinho, somente o vinho seco é considerado um bom vinho e os vinhos suaves são
sinônimos de vinhos ordinários?
Apesar de haver dezenas de espécies de videiras, e milhares
de variedades de uvas, dois grupos de videiras são mais conhecidas e utilizadas
aqui no Brasil, tanto para a produção de uvas in-natura quanto para a confecção
de vinhos.
A Vitis Labrusca é
uma videira de origem americana e produz uvas excelentes para o consumo quando
frescas e para a produção de sucos, pois tem um teor de açúcar equilibrado,
pouco amargor e casca fina, mas não é indicada para a confecção de vinhos, pois
não consegue ter uma fermentação correta, proporcionando aromas e sabores desagradáveis
ao produto final. Esse tipo de uva é popularmente chamado de uva americana
e tem, entre outras variedades, as uvas Bordô, Isabel, Red Globe e Thompson.
Já a Vitis Vinifera, dá origem às uvas chamadas de uvas
europeias e essas são mais indicadas para a produção de vinhos de boa
qualidade, pois por conta de suas características, tais como casca grossa, alto
teor de açúcar e grande quantidade de taninos, conseguem criar vinhos com alto
teor alcoólico, aromas complexos, agradáveis e sabor equilibrado. Algumas de
suas variedades mais conhecidas são a Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenere,
Pinot Noir, Malbec e Chardonnay.
Acontece que, quando os imigrantes europeus, principalmente
os italianos, chegaram ao Brasil no final do século XIX, não existiam por aqui
as chamadas uvas europeias e como o consumo de vinho era um hábito cultural
deles, principalmente para acompanhar as refeições, eles passaram a produzir
seus vinhos com o que tinham em mãos, no caso, as uvas americanas que não eram
as apropriadas para a produção de vinhos.
Como essas uvas não conseguiam produzir vinhos de qualidade
e com gostos desagradáveis, passou-se então a adicionar açúcar refinado aos
vinhos, para dessa forma se mascarar os defeitos e melhorar o seu sabor. Esses
vinhos ficaram conhecidos, e há até legislação sobre isso, de vinhos de mesa
suave e como por quase um século não havia outros tipos disponíveis a
grande maioria da população, foram com esses vinhos que os brasileiros se
acostumaram.
Com a abertura do mercado para produtos importados no final
da década de 80, vinhos de outros países produzidos com uvas viníferas,
chegaram ao mercado brasileiro e como em nosso pais esses produtos, até hoje
não tem um valor muito acessível, o vinho importado, que em sua grande maioria
são vinhos secos, passaram a ser símbolo de status e sofisticação,
enquanto os vinhos doces viraram sinônimos de vinhos ruins e que proporcionavam
uma bela dor de cabeça.
Mas como foi dito acima, existem vinhos doces que são muito
bons e que atingem preços estratosféricos. A diferença é que tais vinhos também
são produzidos com uvas viníferas, entretanto seu açúcar é oriundo das próprias
uvas, fazendo com que seu produto final seja um vinho equilibrado com sabores e
aromas fantásticos, sendo uma grande opção para mostrar aos “entendidos”, que
vinhos doces também são muito bons.
kaye
yamamoto de oliveira
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