A Magia das taças.
Mais do que simplesmente saciar uma necessidade, degustar
um vinho ou qualquer outra bebida é a busca por um prazer maior e quando o
fazemos em uma taça, especialmente criada para esse fim, nosso prazer é multiplicado
exponencialmente. Para muitas pessoas, usar uma taça adequada pode parecer uma
frescura desnecessária, reservada somente aos entendidos da bebida, mas como um
bom colchão pode tornar sua noite de sono mais agradável, um copo correto pode
amplificar os sabores e aromas de um vinho, tornando-o ainda mais agradável.
Uma boa taça de vinhos precisar ser de material
translúcido, possibilitando assim a apreciação das cores e características
visuais dos vinhos. O cristal é mais indicado que o vidro, por ser mais leve e
apresentar maior porosidade, proporcionado assim, aliado a um bojo grande que
permita um maior contato do ar com o vinho, a quebra e volatilização das
moléculas de aromas. É importante também que a taça tenha uma base sólida para
o apoio e uma haste longa que permita a agitação do vinho bem como evite o
contato das mãos com o bojo para que o líquido não esquente.
Embora os outros itens sejam muito importantes, é o formato
da borda da taça que mais diferencia um modelo do outro. A boca humana
consegue, basicamente, sentir quatro sabores: doce, salgado, azedo e amargo, cada
qual com receptores específicos em determinados locais da boca e é para onde a
borda da taça direciona o vinho que transforma um simples gole em um prazeroso
momento de degustação.
Atualmente são mais de 400 modelos somente de um fabricante
e como é pouco provável que uma pessoa comum tenha em casa tantos tipos de
copos, o ideal é que se tenha ao menos o modelo específico para o tipo de vinho
que mais se consome em seu dia-a-dia ou os quatro modelos básicos: vinho
branco, vinho tinto encorpado (Bordeaux) vinho tinto leve (Borgonha) e
espumante (Flûte).
A taça de vinho branco, deve ter um volume menor e uma
haste longa, evitando assim que o vinho dentro dela esquente rapidamente pela
troca de calor das mãos e do ambiente. A borda deve ser estreita e o bojo mais
fechado direcionando o vinho do centro para as laterais da língua, permitindo a
melhor percepção do equilíbrio entre acidez e notas frutadas.,
As taças Bordeaux foram concebidas para o serviço de vinhos
tintos mais encorpados e com muitos taninos. Indicada principalmente os vinhos
feitos da uva Cabernet Sauvignon, Merlot, Carmenere, Tannat entre outras, tem o
bojo grande e a borda fechada para concentrar os aromas e direcionar os vinhos
para a ponta da língua, permitindo assim que os aromas frutados dominem a boca
antes que os taninos amargos preencham a parte de trás da boca.
Já os vinhos tintos mais leves, notavelmente os feitos com
as uvas Pinot Noir, pedem uma taça similar ao modelo Borgonha com um formato
balão, ou seja, com um bojo muito grande, para que haja maior contato com o ar
e consequentemente que seu buque se libere mais rápido. Esse tipo de taça
direciona o vinho para as laterais da língua onde sentimos o sabor ácido que
confere frescor aos vinhos.
Para os espumantes de uma forma em geral, a taça mais
indicada é o modelo Flûte, flauta em francês. Essa taça permite a observação e
a liberação das borbulhas do espumante, bem como ajuda preservar sua
temperatura que sempre deve ser baixa. A borda estreita direciona os aromas
para o nariz e o líquido para as partes do palato que reconhecem a textura
cremosa bem como evidenciam o frescor deles.
Por fim, a ausência de uma taça perfeita não deve ser um
motivo para não se degustar um bom vinho ou espumante, mas se o objetivo for
saborear o máximo que essa bebida incrível pode oferecer, um pequeno
investimento (atualmente existem boas taças com preços bem acessíveis) pode
fazer toda a diferença.
KAYE YAMAMOTO DE OLIVEIRA
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