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O Envelhecimento do Vinho.


O Envelhecimento do vinho.

É muito comum o mito de que um vinho quanto mais velho, melhor. Existe alguma verdade nisso, mas como os seres humanos, os quais envelhecem de maneiras diferentes, nem todo vinho tem as características necessárias para aguentar muitos anos até seu apogeu.

Muitos fatores interferem no processo de envelhecimento de um vinho, desde a forma e o propósito com o qual foi produzido, passando pelos componentes da uva, até a, sendo esse um dos pontos mais importantes, maneira com que foi armazenado durante todo esse período.

A bem da verdade é que hoje em dia a maioria esmagadora dos vinhos não são produzidos para envelhecerem, pois isso afeta, e muito, a rentabilidade das vinícolas e os consumidores mais jovens não querem comprar um produto para consumi-lo depois de muito tempo, principalmente os americanos. Uma vez que os Estados Unidos são o maior mercado consumidor de vinhos mundo por volume total, todos os produtores buscam adaptar suas produções ao mercado de lá.

Não é uma regra absoluta, mas, normalmente, somente os vinhos mais caros e mais sofisticados das vinícolas são confeccionados para aguentar 10, 15 ou 20 anos de envelhecimento e mais tempo do que isso, só aqueles vinhos que são considerados joias e que têm um custo exorbitante. Todos os outros vinhos aguentam em torno de 3 a 5 anos depois que forem engarrafados.

Dois dos componentes do vinho que mais contribuem para um longo potencial de envelhecimento são os taninos e o álcool, estando estes mais presentes nos vinhos tintos e fortificados, tornando essas duas variedades mais propensas para uma boa “velhice”. Como os brancos e espumantes são mais leves e delicados, no geral, precisam ser consumidos pouco tempo depois de serem elaborados, com exceção aos vinhos doces, que por conta do açúcar residual, também conseguem suportar um tempo bem maior de envelhecimento.

Quando um vinho envelhece, ele se torna muito mais fácil de se tomar, pois seus taninos se amaciam e a acidez se equilibra. Além do paladar, seu buquê se transforma, adicionando uma camada a mais de aromas que chamamos de terciários. São notas de flores secas, frutas secas e em compota, nozes, café, couro, cogumelo e trufa, alcatrão, cravinho, entre outras que são concebidas com cerca de 7 anos de envelhecimento em garrafa, e geralmente não são encontradas em vinhos mais novos.

É interessante observar que antes do envelhecimento em garrafas, muitos vinhos, principalmente os tintos, passam por um período, ainda na vinícola, descansando ou envelhecendo em barricas e toneis de madeira. A mais usada é o carvalho, sendo que esse estágio, ajuda os taninos amaciarem mais rapidamente do que nas garrafas e, também, adicionada camadas de aromas ao vinho, sendo uma solução muito utilizada pelos produtores, para deixar o vinho pronto ao mercado mais rapidamente.

Como citado acima, a maioria dos espumantes são concebidos para serem tomados quando jovens e têm assim preservada sua acidez, componente esse que lhe garante todo seu frescor. Levando em consideração que quase todos os espumantes, não são safrados, tornando-se muito difícil de se saber em qual ano foram produzidos, é muito importante conhecer bem o local e as pessoas de quem se vai comprar seu vinho, para não acabar transformando sua festa em um tremenda “vinagrada”!

KAYE YAMAMOTO DE OLIVEIRA

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