Pular para o conteúdo principal

Harmonização de Queijos e Vinhos.


Harmonização de Queijos e VInhos.


Talvez a combinação de queijos e vinho seja a mais lembrada pelos brasileiros, mas normalmente é feita de forma incorreta. Existem milhares de tipos de queijos bem como de vinhos, cada qual com suas características e peculiaridades de consumo, dessa forma acertar a harmonização não é tão simples como se imagina.

Como o próprio nome sugere, é comum que se escolha uma grande variedade de queijos e frios para um evento e somente um tipo de vinho, sendo aí onde o erro acontece. Se todos os tipos se diferenciam entre si é praticamente, impossível acertar um vinho que harmonize corretamente com todos eles, podendo tornar um momento prazeroso em uma refeição desastrosa.

Seguindo esse raciocínio, quando não se tem a possibilidade de se servir uma grande variedade de vinhos, o ideal é procurar fazer um prato de queijos com variedades similares com características que complementem as dos vinhos ou que as contrastem e assim os equilibrem.

Queijos delicados e frescos, com pouca gordura e sabor suave (Gruyère / Ovelha / Camembert / Ricota / Mussarela) combinam muito bem com vinhos mais leves e frutados (Pinot Noir / Beaujolais / Pinot Grigio). Em contrapartida, queijos maturados com sabor muito intenso (Gouda / Edam / Emental /Parmesão) pedem um vinho mais potente, encorpado e com boa maciez (Cabernet Sauvignon / Merlot / Malbec / Syrah).

            Para queijos envelhecidos, salgados, gordurosos e com uma grande intensidade de sabor (Provolone / Parmigiano / Canastra / Grana / Pecorino) a combinação perfeita é um tinto muito tânico, pois estes taninos são aveludados pela gordura (Sangiovese / Brunello / Chianti / Carmenere / Tannat). A exceção a essa regra é o queijo Cheddar que apesar de ser envelhecido e ter sabor intenso, não é muito salgado e tem a massa mais mole, sendo nesse caso, recomendado um vinho branco da uva Chardonnay que tenha passagem em barrica de carvalho.

            Quando a escolha forem queijos de veio azul ou “cheirosos” (Tallegio / Gorgonzola / Roquefort / Stilton) com sabores extremamente fortes e normalmente, e muito salgados, a melhor escolha são vinhos doces (Moscatel de Setúbal / Jerez doce / Porto Tawny / Sauternes / Late Harvest), pois o salgado do queijo ajuda a equilibra o doce do vinho e a doçura do vinho diminui a intensidade do queijo e o torna mais cremoso, criando assim uma clássica harmonização por contraposição.

            Já se a opção forem os queijos macios, cremosos e frescos (Brie / Camembert / Époisse / Cabra) sua degustação será incrível com espumantes, ou vinhos brancos e rosés leves (Cava / Prosecco / Sauvignon Blanc  / Rose de Provence), uma vez que a acidez e o frescor dos vinhos combinarão perfeitamente com a delicadeza dos queijos.
           
            Outro prato igualmente difícil de se harmonizar, são os foundes de queijo, pois normalmente levam uma mistura de variedades, dessa forma um tinto leve e frutado como o Pinot Noir tende a ser a melhor escolha, pois fica em um meio termo entre todos os tipos de vinhos.

Por fim, uma dica que serve tanto para os queijos como para outros pratos em geral, é que quando não souber exatamente com qual vinho determinado queijo combina, sempre é interessante procurar produtos produzidos na mesma região pois esses compartilham da mesma tradição. Exemplos: Queijo Serra da Estrela com o vinho português do Dão; O queijo espanhol Manchego, com um vinho da Rioja; O queijo Chèvre com um Sauvignon Blanc do vale do Loire na França ou o delicioso Parmigiano-Reggiano com um Amarone della Valpolicella italiano.

KAYE YAMAMOTO DE OLIVEIRA

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Como Calcular a Quantidade Certa de Vinhos Para Sua Festa?

Como Calcular a Quantidade Certa de Vinhos Para Sua Festa? Se você é brasileiro, já sabe bem que a natureza do nosso povo é gostar de festas! Se você não é brasileiro, provavelmente sabe disso também. Nós temos esse gosto em celebrar conquistas, amizades, uniões, dias de sol e até noites gostosas, ou seja, nós gostamos mesmo é de encontrar motivos para festejar. E normalmente, essas celebrações são compostas de muita bebida alcoólica.                         Se perguntarmos o que mais consumimos em festas, rapidamente teremos como resposta cervejas, drinks e coquetéis, mas recentemente está crescendo bastante o consumo de vinhos e espumantes, não só em festas grandes, como também em pequenas reuniões e até mesmo em churrascos. Antigamente, o vinho era a bebida de Dionísio, deus das festas e celebrações, passando depois a ser produzido em diversos países e com outros diversos métodos e uvas. E é por isso que, para escolher a quantidade certa, é preciso levar em

UMA INUNDAÇÃO DE VINHOS

          Nas últimas semanas recebemos uma boa seleção de novos rótulos da região de Bordeaux. Uma ótima adição ao nosso portfólio, uma vez que Bordeaux é a região que produz alguns dos melhores vinhos do mundo e é muito famosa dentre os apreciadores. Seu nome é reconhecido até mesmo por quem não é grande consumidor da bebida de Bacco e causa um impacto muito positivo quando servido em um jantar ou uma festa.      Além da qualidade de seus vinhos, a importância econômica da região de Bordeaux é absurda. Com quase o mesmo tamanho do município de São José do Campos, essa região no Sudoeste francês produz cerca de 600 milhões de garrafas de vinho por ano, resultando em uma indústria de mais de 4 bilhões de euros de faturamento. Somente as vendas de vinhos, vale salientar que a região têm diversas outras indústrias, incluindo o setor aeroespacial com grandes fábricas da Airbus, geram um PIB maior que o do rico munícipio de São José dos Campos, famoso por sua indústria aeronáutica com as f

Diferenças entre os espumantes.

ESpumanteS Todo champagne é um espumante, mas nem todo espumante é um champagne! Com essa afirmação vamos falar sobre algumas diferenças básicas entre os espumantes produzidos ao redor do mundo. Os espumantes, são vinhos onde o gás carbônico, resultante da fermentação do mosto é engarrafado junto com o líquido. Normalmente, além da fermentação normal, estes vinhos passam por uma segunda fermentação, que pode ser na garrafa (Método Champenoise) ou em grandes recipientes (Método Charmat), para que o gás carbônico seja aprisionado. A história dos espumantes começa por acaso, quando monges beneditinos da França, no final do século XVI, engarrafaram seus vinhos antes destes completarem totalmente sua fermentação e isso fez com que as leveduras continuassem a produzir gás carbônico dentro da garrafa fazendo com que as garrafas explodissem e as rolhas pulassem e por isso esse vinho ganhou o apelido de vinho do diabo. Com o passar do tempo, garrafas mais resistentes foram